Em uma das minhas viagens de fim de ano para Dourados-MS, tive a oportunidade de conhecer pessoas realmente especiais. Minha prima Silvana de 20 anos que teve paralisia infantil, frequenta a Pestalozzi desde muito pequena, lá aprendeu a andar, falar, ler e escrever.
Acompanhei Silvana em uma das seções de fisioterapia feita na escola mesmo. Confesso que até chegarmos estava desanimada, pois era um daqueles dias de sol forte e o calor estava insuportável.
Aguardava minha prima terminar a seção, quando chegou uma mãe com seu filho na cadeira de rodas.
A criança não falava, a mãe sentou-se ao meu lado e observava o menino que deveria ter uns 6 ou 7 anos. Ele esperava as "tias" da Pestalozzi, assim são chamadas carinhosamente as professoras da escola.
Logo depois, chegou uma menina que também tinha problemas de locomoção, esta veio sozinha. Muito tímida e com o olhar desconfiado, ficou em um canto esperando ser chamada.
Fiquei no meio desses seres humanos extremamente especiais, não só pelo fato de terem uma deficiência, mas porque estavam ali para vencer um desafio e apesar de todas as limitações são pessoas desprovidas de qualquer sentimento maligno e interesseiro, aliás, são interesseiros sim, em conquistar amor, carinho e respeito de todos em sua volta. E o que mais chamou a atenção, foi a expressão de felicidade no rosto do garoto que como toda criança, quer brincar, se sentir querida e transmitir alegria na inocência de um sorriso sincero e carinhoso como quem quisesse dizer algo. E o olhar de esperança da menina, que mesmo encabulada, senti que seu desejo naquele momento era de conversar, conquistar uma nova amizade, eles me passaram simplesmente a sensação de amor a vida, pensam que eles se importaram com o sol quente daquele dia que eu tanto reclamava?!!!
Não trocamos uma só palavra, mas só de observar o sorriso do menino e o olhar de ternura da garota, valeu mais que qualquer palavra.
OUTRO FATO SEMELHANTE: Porém, desta vez pude ver o que eles são capazes de fazer.
As dificuldades da deficiência, não impede que eles façam um lindo trabalho de artesanato. Caixinhas, figuras de animais e carrinhos são alguns dos objetos que os próprios alunos produziram com madeira, todos muito coloridos e personalizados.
Neste curso destinado aos portadores de deficiência, os alunos também aprenderam a fazer pães e salgados. Tudo era vendido, no intuito de arrecadar recursos para a compra de novos materiais, ou, para manter os custos e suprir as necessidades dos alunos dentro da escola.
Foi um dia INESQUECÍVEL, pois aprendi muito. Vê-los fazer um objeto tão simples, em suas pequenas mãos se tornar uma obra-prima.
Conviver com pessoas especiais assim é motivo de orgulho, pois cada dia é um aprendizado diferente, nos ensinam a dar valor no que somos e no que temos.
Por isso, nunca vire as costas a pessoas especiais, não negue um sorriso, um pouco de atenção, ou mesmo um olhar, pois eles mais do que ninguém, são merecedores do nosso carinho e admiração.
- Nádia Nicolau.
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